AQUEDUTOS ROMANOS:
As fontes atestam que os romanos conheciam o sistema de transporte de água por canalização subterrânea e o de aquedutos em arcos suspensos que fora aprendido com os etruscos. A escolha por este modelo se deu pelo preço inferior das obras, já que os materiais necessários eram mais abundantes e baratos.
Os aquedutos que faziam esse abastecimento de água tinham entre 8 e 85 km de extensão e eram elevados a mais de 60 metros. O primeiro aqueduto a ser construído foi o de Aqua Appia, feito no ano 312 a.C. por Appius Claudius Caecus. Já o maior de todos foi o aqueduto de Aqua Marcia que possuía 91 Km de extensão.
- Caraterísticas:
Aqueduto de Segóvia, Espanha |
Construído entre os séculos 1º e 2º d.C., tem 15 km de comprimento e transporta as águas do rio Fuente Fría para o centro da cidade espanhola. A estrutura de blocos de granito é tão sólida que, até o início do século 20, o aqueduto era a principal fonte de abastecimento local. Em seu ponto mais alto, tem 28,5 m de altura, com fundações que avançam mais de 6 m no subsolo. Tanta grandiosidade rendeu-lhe o título de principal herança romana na península Ibérica e faz dele o símbolo e a atração turística máxima de Segóvia.
Pont du Gard, Remoulins, França |
A Pont du Gard cruza o rio Gardon, no sul da França, e é parte do aqueduto de Nîmes, uma estrutura de mais de 50 km de comprimento erguida no século I d.C. O trecho sobre a água tem um caimento de apenas 2,5 cm, o que indica a precisão dos engenheiros da Roma Antiga. A estrutura, que em seu ponto mais alto tem 48,8 m, forneceu água para a cidade até o século VI e se mantém de pé – quase intacta – por também ser uma ponte e, portanto, ter merecido cuidado desde sempre. No ano 2000, porém, o transporte foi proibido no local, e o aqueduto passou a funcionar apenas como um ponto turístico.
BANHOS ROMANOS:
Os banhos exerceram entre os romanos um papel muito importante, para além da finalidade higiénica. Eles constituíram verdadeiros espaços sociais e lúdicos. Os primeiros conhecidos foram os Banhos de Agripa (c. 20 d. C.).
Foi nesta época que se vulgarizaram as termas romanas. Estas eram a "praça" por excelência da cidade romana, ponto de encontro dos cidadãos, onde estes discutiam as suas ideias, a vida política e intelectual da sociedade romana.
As termas mais conhecidas e melhor preservadas são as de Caracala, em Roma, e as de Diocleciano, também nesta cidade, e através das ruínas das primeiras podemos ter uma ideia da complexa planta que tinha esta estrutura.
O edifício dos banhos formava um retângulo disposto livremente, dentro do qual havia uma área fechada, com a qual o eixo principal norte/sul coincidia. O exterior desta área era constituído por diversas construções. Da ala norte faziam parte as repartições e residências e no meio encontrava-se a entrada principal. Na ala sul ficavam as cisternas de água e, ao longo delas, havia fiadas de assentos para os espectadores assistirem aos jogos em frente do edifício dos banhos. Os espaços dentro deste edifício eram distribuídos de uma forma complexa e extremamente ordenada. Assim, a interseção dos dois eixos definia o lugar que deveria ser considerado como o centro do edifício: um vestíbulo coberto por três abóbadas. Nos cantos, quatro pequenos vãos de janelas ou portas abriam para o vestíbulo, contendo banhos de imersão, indicando que aquele átrio era o frigidarium ou banhos frios das termas. Ao longo do eixo principal, para norte, ficava a piscina ou natatio e, para o sul, otepidarium ou banhos mornos e o caldarium ou sala de banhos quentes, de forma circular e rodeada por diversas salas de vapor de tamanho mais pequeno, geralmente frequentadas por filósofos e poetas. O resto do retângulo era ocupado por duas palaestrae, possivelmente cobertas e rodeadas por vestiários ou apodyteria. Depois de se despirem, os visitantes entravam para as salas de vapor, das quais passavam para os banhos quentes. Daqui, seguindo o eixo principal, passavam para os banhos mornos e frios e, finalmente, para a piscina. Nas zonas circundantes aos banhos havia jardins, ginásio, biblioteca, teatro e estádio.
Os edifícios principais eram aquecidos por furnas subterrâneas e condutas ("hypocaustus") que conduziam o ar quente para os condutos que ficavam por detrás das paredes dos vários compartimentos.
As termas eram decoradas sumptuosamente: os chãos eram forrados de mosaicos de mármore; a cobertura, os assentos e as colunas eram em mármore e todas as paredes e abóbadas estucadas encontravam-se revestidas de frescos.
As termas romanas representam a maior manifestação do interesse romano na concretização do espaço interior. Para além da grande variedade de cúpulas e abóbadas que foram utilizadas no interior, houve uma preocupação de juntar tais espaços, de forma a constituir grupos complexos. Enquanto os Banhos de Pompeia ainda se caracterizam por uma distribuição irregular dos espaços, os Banhos de Tito (80) apresentam uma planta simétrica, relativamente ao eixo norte/sul. Nos Banhos de Trajano (109) também se encontra esta disposição, mas em relação ao eixo este/oeste. Este esquema que apresenta afinidades com o cardus e o decomanus do sistema de urbanismo romano, está também presente nos Banhos de Caracala (212-216) e de Diocleciano (298-306).
GLADIADORES:
Gladiador, por definição, é ''um'' escravo que fazia parte de lutas na Roma Antiga. Embora fossem treinados para isso, o único objetivo desses combates, na época, era o título de entretenimento para os nativos, visitantes de outras províncias e autarquias romanas. Neste tipo de evento sanguinário, eles lutavam pela sua própria vida e quem fosse o melhor guerreiro e sobrevivesse, desarmasse o seu adversário ou o deixasse totalmente indefeso, seria o vencedor e a guerra. Este tipo de atividade, além de muito comum, era um entretenimento muito atrativo para os cidadãos.
O nome “gladiador” é proveniente da palavra “gládio”, que significava as espadas utilizadas pelos escravos durante a batalha. O local em que os eventos aconteciam se chamava “Arena”, sendo a arena mais conhecida o Coliseu.
CONÍMBRIGA:
As ruínas romanas de Conímbriga são conhecidas pelas suas casas, jardins e mosaicos policromos, para além da grandiosa muralha, das suas termas e dos restos do seu Fórum. Os vestígios materiais encontrados provam a sua origem pré-romana, assim como o próprio topónimo - de origem celta, que significa "lugar alto e rochoso" e "lugar fortificado". O agregado urbano de Conímbriga integrava a circunscrição administrativa da Lusitânia - que se localizava entre os rios Douro e o Guadiana - no centro da via que ligava Bracara Augusta (Braga) a Olisipo (Lisboa).
No início do século I d. C., sendo Augusto chefe do vasto Império Romano, Conímbriga transfigurou-se numa confortável e desenvolvida cidade, com belas casas, termas públicas e um Fórum. Este centro administrativo seria objeto de remodelação nos finais da primeira centúria, substituído por um outro de maiores dimensões, ao mesmo tempo que a urbe era elevada à categoria de município.
No século II d. C existia uma ameaça que provinha do Norte e partia dos povos bárbaros - Alanos, Vândalos e Suevos. Para se defenderem, os cidadãos de Conímbriga decidem edificar uma segunda linha de defesa. Como receio que a pedra escasseasse, resolveram demolir a parte externa da malha urbana. Assim, casas, monumentos e estátuas foram destruídos e a sua pedra reutilizada para se erguer a nova muralha.
Corria o ano de 465 quando os Suevos chegaram às portas de Conímbriga. Três anos mais tarde conquistaram a cidade, que entra rapidamente em declínio. Sem interesse económico e estratégico, os seus derradeiros habitantes abandonam-na no século VII. Com eles seguiu o bispo e o próprio nome, trasladados para Aeminium - a atual cidade de Coimbra.
Longo tempo esquecida, Conímbriga voltou a reaparecer nos finais do século XIX, graças ao labor de estudiosos e arqueólogos como Filipe Simões, António Augusto Gonçalves, Vergílio Correia, Bairrão Oleiro ou, mais recentemente, Jorge e Adília Alarcão.
Com o espólio recolhido nas diversas campanhas arqueológicas constituiu-se o Museu Monográfico de Conímbriga, fundado em 1962 e reaberto em 1985, totalmente remodelado. Dividido em duas salas, este museu a partir dos seus vestígios materiais, a história dos homens que habitaram Conímbriga. Na primeira sala observam-se os objetos ligados à circulação monetária no Império Romano, bem como alguns tesouros de moedas, para além de secções ligadas aos ofícios e às artes da comunidade urbana. A segunda sala revela-nos a reconstituição do centro administrativo da cidade, o Fórum flaviano, ao mesmo tempo que expõe belíssimos mosaicos, estuques e pinturas murais. Por último, esta ala é encerrada por um mundo mais íntimo e pessoal, um espaço divinizado, que apresenta lápides funerárias e inscrições votivas, dirigidas às diversas divindades.
No entanto, Conímbriga revela outros tesouros. Ao deambularem pelas artérias das suas ruínas, depara-se com os bairros de residências coletivas ou individuais - com realce para a Casa Cantaber, a maior da cidade e uma das maiores do mundo romano ocidental, dotada de termas próprias, ou para a Casa dos Repuxos, na parte externa da muralha, de grande requinte e beleza artística, transmitida pelos seus jardins e pelos seus magníficos mosaicos policromos, com motivos florais, mitológicos ou geometrizantes. Para além da pesada muralha, pode-se ainda contemplar os empreendimentos públicos da cidade, como o aqueduto, que transportava a água da nascente de Alcabideque, a cerca de 3 km, ou as canalizações em chumbo, que faziam chegar a água aos diversos domicílios.
Monumentalidade, solidez, equilíbrio e sentido prático são alguns dos atributos da arte romana, virada essencialmente para a vida social e cultural da cidade.
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